Ao
exibir no Jornal Nacional de quarta-feira, 8 de novembro, trechos de
conversas telefônicas entre o líder da greve (Marco Prisco) e outro
policial a emissora dos Marinho quebrou o movimento. E, mais adiante,
completou o serviço desmoralizando as reivindicações ao mostrar trechos
de conversas de líderes policiais da Bahia com líderes de movimento
semelhante do Rio de Janeiro.
A
TV Globo deu a entender que as greves dos PMs (Bahia, Espírito Santo,
Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo e Ceará) foram articuladas com o
intuito de forçar os governos a atenderem todas suas reivindicações,
inclusive a aprovação pelo Congresso Nacional da PEC-300 (um projeto que
cria o piso salarial único para bombeiros e policiais militares).
Não
se pode negar que o governador Jaques Wagner foi habilidoso em buscar
apoio de quem de fato manda nesse país. A Globo e o Judiciário – que
autorizou rapidamente as escutas telefônicas, ao contrário do que faz
quando a PF investiga grandes empresários. Além disso, seu governo conta
com a simpatia de um grande número de programas em Salvador – na TV, no
rádio e na internet - que dependem da publicidade governamental e
seguem a cartilha oficial.
Quem
era contra a greve ficou aliviado, embora a greve ainda não tenha sido,
até esse momento encerrada. Toda essa movimentação mostrou que a
esquerda está dividida e tem hoje uma direita – principalmente nos
partidos que ainda se adjetivam comunistas - mais fielmente canina ao
governador do que a tropa que seguia com viseira o ACM dos anos 80.
A
direita da esquerda atual não pensa, não questiona, não critica, apenas
segue. E curte. Alguns anos vão se passar até que a verdade venha mesmo
à tona. Havia algo por trás do movimento? A TV Globo e o governo só
queriam mesmo salvar o carnaval?
Em
2001, a greve foi uma baderna. Em 2012, também. Só o que mudou de lá
para cá foram os posicionamentos de políticos (alguns deles hoje no
poder sempre compareceram às “ocupações” de categorias em greve na
Assembleia Legislativa e achavam que tudo era legítimo) e dos séquitos. O
séquito que segue o governo hoje aplaudiu os militares grevistas em
2001.
Artistas,
turistas, foliões, empresários, políticos, donos de programas e de
emissoras estão felizes: o carnaval será realizado, todos ganharão
dinheiro e esquecerão rapidamente os ônibus queimados; os assaltos; as
dezenas de assassinatos; o medo.
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